Petistas apontam conflito de interesse em nomeação na Eletrobras e vão acionar MP

Para o deputado Carlos Zarattini, “o governo Temer já havia transformado o Conselho de Administração da Eletrobras em um paraíso das multinacionais e do mercado financeiro”. Porém, segundo ele, o atual governo Bolsonaro vai além ao colocar na direção da empresa uma pessoa diretamente ligada a quem deseja comprá-la.

18 fev 2019, 16:46 Tempo de leitura: 3 minutos, 24 segundos
Petistas apontam conflito de interesse em nomeação na Eletrobras e vão acionar MP

Foto: Gustavo Bezerra

Os deputados petistas Carlos Zarattini (SP) e Paulão (AL) afirmaram nesta segunda-feira (18) que a nomeação da nova diretora financeira da Eletrobras, ligada ao homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann –  com fortuna estimada em mais de R$ 90 bilhões – é uma estratégia para obter informações privilegiadas da estatal antes de a empresa ser privatizada. A denúncia ocorre após a nomeação da Diretora Financeira e de Relações com Investidores da Eletrobras, Elvira Baracuhy Cavalcanti, ligada à gestora de recursos 3G Radar, de propriedade de Jorge Paulo Lemann, também dono da Ambev.

Segundo a agência de jornalismo investigativo Sportlight, a nomeação aconteceu “no apagar das luzes da última sexta-feira (15), enquanto as atenções do País estavam todas voltadas para o “Bebbianogate”, que se desenrolava em Brasília”. De acordo com a agência, que apurou em primeira mão a divulgação do nome da nova diretora, a nomeação de Elvira Baracuhy Cavalcanti “é estratégica nos movimentos do presidente [da Eletrobras] Wilson Pinto Jr, que vem trabalhando desde a nomeação no governo Michel Temer para a privatização da empresa”.

Para o deputado Carlos Zarattini, “o governo Temer já havia transformado o Conselho de Administração da Eletrobras em um paraíso das multinacionais e do mercado financeiro”. Porém, segundo ele, o atual governo Bolsonaro vai além ao colocar na direção da empresa uma pessoa diretamente ligada a quem deseja comprá-la.

“O que eles querem é privatizar a Eletrobras, e sem passar pelo Congresso Nacional. Nós vamos reagir a tudo isso. Vamos encaminhar denúncia ao Ministério Púbico Federal e também à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para avaliar essa nomeação”, adianta.

Segundo a agência de jornalismo investigativo Sportlight, a nova Diretora Financeira e de Relações com Investidores da Eletrobras já participava do Conselho Administração da Eletrobras desde 27 de março de 2018, indicada pela gestora de recursos 3G Radar, de Lemann.

No último 11 de janeiro, segundo o Sportlight, o Conselho de Administração escolheu Elvira para a diretoria financeira sem comunicar ao mercado. Porém, dezoito dias depois da nomeação silenciosa, em 29 de janeiro, a Eletrobras anunciou que a 3G Radar aumentou sua participação na empresa, antes na casa dos 10%, e que passou a deter naquela data 38.886.500 (trinta e oito milhões, oitocentas e oitenta e seis mil e quinhentas) ações preferenciais, aproximadamente 14,65% das ações preferenciais da companhia. Nesta última sexta-feira, 15 de fevereiro, a 3G anunciou a sua representante no Conselho de Administração para o cargo de diretora financeira da estatal.

Conquistar a “joia da coroa”

O deputado Paulão lembra que Jorge Paulo Lemann –  por meio da Equatorial Energia – adquiriu em julho do ano passado, a distribuidora Eletrobras Piauí (antiga Cepisa) por míseros R$ 50 mil reais, durante processo de privatização ocorrido no governo Temer. Agora, segundo ele, Lemann pretende colocar uma colaboradora na direção da Eletrobras com o objetivo de conquistar “a joia da coroa”, ou seja, toda a Eletrobras.

“Ele [Jorge Paulo Lemann] quer o restante da empresa, por isso colocou uma ex-executiva dele no Conselho de Administração da estatal, e agora na diretoria financeira. É a raposa tomando conta do galinheiro”, comparou. O parlamentar acusou ainda o governo Bolsonaro de agir em conluio com os interesses do bilionário.

“O governo Bolsonaro quer entregar a Eletrobras de mão beijada ao mercado, sejam as empresas de geração e transmissão de energia como a Chesf, a Cemig e por aí vai. O Lemann quer o controle do setor elétrico do País, e por isso colocou na Eletrobras essa cidadã para montar o portfólio do que vai vender e também para obter informação privilegiada sobre a operação da empresa. Ou alguém duvida de que essas informações não vão vazar para o Lemann? Eu não tenho dúvida alguma!”, observou.

(PT Na Câmara – Por Héber Carvalho)